Revolução com "Bravo" e "Uno"

27-10-2010 18:42

A Fiat tem bebido aquela cerveja que desce redondo. Depois de trazer ao mercado o novo Uno, que introduziu o conceito de "round square" (quadrado redondo, mas me soa como subir para baixo ou descer lá em cima), ela cumpre uma promessa que estava se tornando tão tradicional quanto o estádio do Corinthians: o Bravo, finalmente, no Brasil.

Comecemos com a bola quadrada. Quando foi lançado por aqui, o Uno foi uma revolução de conceito. E como toda coisa do gênero, foi amado e odiado, dividiu opiniões e foi batizado com apelidos refinados - como o clássico "pé de boi" e o avant-garde "bota ortopédica", graças à sua silhueta, bem, incomum.

O que esses nomes elegantes não dizem é como o Uno usava ao máximo o espaço interno, tinha um campo de visibilidade espantosa, era resistente, barato e econômico. E é injustiça minha jogar os verbos no passado: o Uno quadradinho ainda é fabricado e é basicamente o mesmo carro até hoje, mantendo estas características como referência no mercado. O velhote tampinha ainda dá cascudo em muito popular metido a macho.

Agora, temos o triângulo de quatro lados, digo, o Novo Uno. Ele mantém algumas das características do irmão mais velho, embora a etiqueta tenha ficado algo mais salgada. Mas o mais bacana é que a sua vinda ao mercado trouxe uma nova revolução, ainda que não tão grandiosa: o popular não precisa nem ter cara de pé de boi, nem ser tão pretensamente sério. Ele é inusitado, personalizável, moderno, enfim, um brinquedinho desejável. Se você ainda não acredita, procure o Uno Sporting, que a Fiat trouxe para o Salão. É um dos quadrados mais redondos que eu já vi.

O Bravo também chega revolucionando - ele leva a noção de "tarda mas não falha" a uma noção de atraso até então inexistente no mundo. A primeira vez que ouvi falar do Bravo, estávamos ainda no século XX, usando discmans e celulares com aquele visor verdinho de LCD. Mas o Johnny chegou pra valer, será vendido a partir de dezembro com motores 1.8 16V e 1.4 T-Jet, e deve causar frisson no segmento.

As linhas são italianíssimas: a parte da frente tem a identidade de modelos como o Punto, que remetem ao design dos Maserati coupé; e não dá para não pensar em Alfa Romeo quando vemos aquela traseira empinada e arredondada. Nunca dirigi um Bravo, mas um velho amigo, muito bom de volante, guiou um 1.9 Turbodiesel na Toscana; e voltou cheio de elogios. Comunicativo, esperto pra cacete, sólido e bonito pra car@#% foram alguns dos educados elogios.

Oficialmente o Stilo continua em produção, mas sabemos que o quadradão não-mais-tão estiloso da Fiat não vai viver muito mais tempo. O "sky window" e aquele painel emborrachado anti-reflexo, agradável ao toque, farão falta.

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